terça-feira, 7 de outubro de 2008

Embregando a fita

O que seria de nós, nos momentos morte-lenta, sem a ilustre existência dos doutores do brega?Admitam, sinceridade, gente atual! Antigas gerações foram premiadas pela atuação dessa tropa de elite, capaz de dar dor de barriga - fosse de rir, fosse de chorar. Órfãos momentaneos de hits sofridos, percebemos que o barato do momento é modernizar o brega. Reinventar a arte do cafona para renovar as esperanças das gerações futuras. Afinal, deve ser muito over ter que curtir fossa ouvindo Perlla e seu tremendo vacilão. Ou com qualquer dupla sertaneja dessas chinfrins, que nem de longe emplaca nas paradas como o sogrão do Lucas Lima. O gênero brega anda em decadência. E em progressão geométrica! Desde a criação do Calipso, faltam legítimas atuações cafonas para incendiar as festas populares. E olha que Joelma e Chimbinha cumprem - e muito bem - seus papéis de autênticos contribuintes do bregamusic, num pelotão de poucos sobreviventes. José Agusto, Daniel, Chitãozinho&Xororó... até Sandy& Jr chegou ao fim! E pior, Junior virou baterista de uma banda totalmente In e desfila por aí com um moicano e rapazes tatuados! Para completar, no lugar desses figurões do drama melódico, entram os conjuntos formados no Ídolos, EMOS ou qualquer bonde de funkeiros paulistas cantando ladainhas pegajosas. Sim, porque pior que funk, é funk de paulista. Quem já ouviu o deplorável Bonde do Rolê (Deus, "rolê"!) pode comprovar o que escrevo.
Música é uma arte cíclica. o que hoje é in, amanhã é out. Sobretudo numa indústria capaz de lançar fenômenos instantâneos de um hit só. Gerações se dividem e poucos conseguem se perpetuar no tempo - como os Rollings Stones, Madonna ou nosso tupiniquim Chico Buarque. Mas o momento "recriando o brega" chegou com tudo. E não está nada prosa. Seja com as bandas gringas como o Quietdrive regravando hits dor-de-cotovelo dos anos 90 ou com o atual incentivo de misturebas nada a ver, como Fresno e Chitãozinho&Xororó levantando o Credicard Hall ao som de Evidências.
É pagar pra ver. Ou melhor, pra ouvir. E paguemos.



* Para Overdrive season

Nenhum comentário: