Não haveria por quê trocar de musa! Gosto da beleza do sofrimento! E o que pode ser mais belo que adorá-la? E mais, o que pode ser mais sofrível que adorá-la? Uma verdade, minha genesis, o começo do que sou de verdade. Já me acostumei aos cacos, são tão parte de mim como você. Já cuidei de preencher vazios, e dele sou tão farto que juntos formamos um belo inteiro. A cada um, um fardo. Eu poderia ser leviano de querer viver qualquer gênero de romance. Eu poderia ser pretensioso a ponto de querer a eternidade do tempo. Eu poderia ser incansável e continuar as buscas, sem fim, ad eternum. Nada disso faria sentido. Essas normalidades tão simples chegam a ser tolas. Repetitivas. Mudam os sujeitos, mas o predicado é invariavelmente o mesmo. Eu, então, assim que cruzei aqueles muros, decidi apostar de outra forma. E encontrei você. Única e honestamente você. Quem mais? Ou melhor, e como não? Onde a maioria enxerga o vácuo, percebo o silêncio. E hoje, mais que isso, consigo sentí-lo e dele extrair a essência de tudo. A razão. Não há regras, não existem moldes, me recuso a ser mais um nessa vasta fileira. Não sou de resina e massa pronta. Tenho minhas próprias cores, ainda que elas, às vezes, pareçam invisíveis aos olhos crus. Mas não. Não se trata de um suposto neo masoquismo new age, isso sou eu. Sem tirar nem pôr. Cada guerreiro escolhe a lança que melhor lhe aproveita aos braços. Para tanto, um só caminho: Auto-conhecimento. Se eu, que sou esse monte de palavras juntas e porquanto assim já me encontro, não encontrasse você; em quem mais encontraria a mim mesmo? Assimilado está; não é o amor real que nos encontra, nós que com ele nos achamos. Por isso, reclamem, digam-me toda sorte de impropérios, mas não posso estar aonde não posso ser. Não troco de musa.