Não é fácil...

" (...) Não é fácil, é estranho não te contar meus planos, não te encontrar...todo dia de manhã".

E a gente sempre acha que não vai acontecer de novo, que aquela dor não vai sair dali, que aquela sensação de amargo viraria parte do corpo. E ficamos dias, meses, às vezes anos, insistindo naquela melodia desritmada. Perdemos o nexo, o timing, perdemos....nós mesmos. O que estava ali, sólido, inabalável, enorme...virou vento, fumaça, história. Fosse boa, fosse ruim... história. E não há chão quando não se sente os próprios pés. Permanecemos em estado letárgico, enganando os próprios sentidos, agindo feito criança que pensa que para voar, basta uma capa vermelha. Mas é justamente aí, do meio do nada, que tudo muda. De repente, bem de repente, você já não dorme tão nostálgico, já não precisa evitar pra sorrir. De repente. O mundo acorda, a alma voa, as palavras saem. De repente...enxerga-se. Enxerga a si. Ao redor. Enxergar. Uns precisam de muito, outros tem a incrível capacidade de catalisar vida com quase nada; fato é que pode demorar, e às vezes leva-se muito tempo, mas nada, nada é impossível. Não há dor que seja imune ao poder do tempo. Tudo passa. Sempre. Por mais clichê que isso possa ser. E agora...agora eu sei. A moça que cantava quase toda a noite estava, de fato, correta: Não, não é fácil. Mas é possível.